Evangelização através da Internet

          A internet faz parte do dia a dia de muitos jovens, assim constitui parte da cultura. Transitamos no mundo virtual com muita facilidade, somos capazes de realizar tarefas simultâneas, como estudar, ouvir rádio e digitar mensagens na internet. Nos fascinamos com as comunidades virtuais, compartilhamos imagens, sons e experiências. Em menor grau, utilizamos a internet como instrumento de pesquisa para uso escolar e acadêmico. Seguramente, isto oferece perigos, pois existem muitos meios na internet que podem desvirtuar o caminho existencial da juventude. Mas há também chance para anunciar o evangelho e fortalecer a comunidade dos seguidores da Igreja Católica.
          Não se sabe, com precisão, como os jovens lidam com os temas religiosos na internet. O fato indiscutível é esse: se a Igreja quer evangelizar os jovens, deve também estar presente no espaço virtual da internet, com todos os recursos possíveis que ela dispõe. Principalmente, deve identificar e engajar os jovens criativos, para que eles sejam produtores de conhecimento e de informação na internet. Evangelizadores de outros jovens no mundo virtual e real. Somente acreditando nos jovens e investindo neles, poderá realizar esta missão.
          O espaço virtual não substitui o presencial, pois a vivência da fé postula vínculos afetivos e proximidade entre as pessoas. A evangelização pela internet não é a solução, mas somente uma parte dela. Deve se cuidar da qualidade dos processos evangelizadores com os grupos efetivos, como liturgia, catequese, pastoral da juventude, círculos bíblicos, grupos de oração. Para a Igreja, a comunicação pela internet enriquece, amplia, diversifica e divulga uma prática real, sustentada por pessoas e processos. Não se trata de uma imagem simulada, mas da expressão da realidade.
          A evangelização no espaço virtual tem suas exigências. Quem é participante nesse meio, percebe que não basta lançar informações de qualquer forma, existe algumas exigências com a evangelização pela Internet.
          A primeira exigência consiste em aprender o que é específico da internet, suas possibilidades e limites. Em vários casos, é necessário recorrer a um profissional da área, em outros, é preciso uma formação específica, superando assim o amadorismo e a improvisação.
          A cultura midiática valoriza muito a imagem e a estética. Um site, um blog ou qualquer outro recurso deve ser leve e bonito. Infelizmente, um percentual significativo de material produzido por pastorais, movimentos e demais órgãos da Igreja não desenvolvem bem este quesito. É preciso investir na beleza, clareza e navegabilidade dos sites eclesiais, de forma que eles se tornem mais atrativos.
          A mensagem escrita na internet é breve, concisa e direta. Para isso, deve-se desenvolver a capacidade de se expressar com menos palavras, concentrando-se no essencial. Exemplo radical disso é o microblog “Twitter”, ele exige que o “twitteiro” se comunique com somente 140 caracteres. Com a internet, aprendemos a “falar menos e dizer mais”.
          O uso da internet na evangelização coloca uma grande exigência para a Igreja, que é um apelo de conversão. Não basta entrar num canal novo ou usar recursos contemporâneos. Sobretudo, trata-se de renovar o próprio conteúdo da mensagem, em uma relação dialogal com o mundo contemporâneo. Há grupos fundamentalistas de diversas religiões e Igrejas, que sabem usar muito bem a Internet. Mas o seu horizonte não é de rede, de intercomunicação, em vista da criação de uma sociedade planetária. Colocam-se na postura de transmitir uma verdade congelada e inflexível. Conosco, não deve ser assim, pois somos discípulos e missionários, aprendizes e anunciadores, em um diálogo enriquecedor com outras religiões, homens e mulheres de bem, movimentos sociais e ecológicos, governos e empresas. A internet, enquanto rede de interconexões, oferece para a Igreja a tarefa de vencer a tentação da auto-suficiência, do orgulho e do senso de superioridade. Faz-nos mais humildes, peregrinos, exercitantes do discernimento comunitário.
          A internet pode ajudar a Igreja e exercitar sua catolicidade de forma nova, pois ela se proclama “católica” porque é una, sendo diversa, em todas as partes do mundo. Ao mesmo tempo em que inculturada em determinado campo geográfico ou cultural, ela é “comunidade de comunidades”, unida em torno a seus pastores, constituindo uma grande rede mundial. Seria muito pouco se cada paróquia, movimento ou pastoral criasse seu espaço na internet, assim em breve, estaríamos numa grande competição interna, haveria uma sobrecarga de informação. Deve-se suscitar uma grande comunidade de aprendizagem, de forma que as pessoas e os grupos aprendam uns com os outros, isso acontece simultaneamente em vários âmbitos: conteúdo e metodologia para evangelizar, partilha de experiências bem sucedidas e difusão de ferramentas. É preciso romper o isolamento e favorecer a “gestão do conhecimento” na pastoral, somente assim a Igreja dará conta de acompanhar as rápidas mudanças culturais em curso.
          Quem usa a internet como meio de evangelização, deve reservar para eles um tempo periódico ainda, diário ou semanal. É preciso manter e atualizar o que se criou, é necessário navegar constantemente na rede e identificar as novas oportunidades e tendências.
          Em alguns casos, será necessária a constituição de uma equipe que coordene e maneje, com eficiência e criatividade, o espaço evangelizador na Internet. Evangelizar na Internet é um novo desafio para a Igreja. Não será uma tarefa para todos, mas seguramente suscitará muitos agentes de pastoral conectados com as linguagens contemporâneas.

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